Ontem fui ver o filme ao cinema… estava há algumas semanas a aguardar a sua chegada e, tendo chegado ontem e, não tendo paciência para estar em casa ao serão, decidi que ia ver ou este ou Os Miseráveis (que depois devo ir ver e escrevo aqui).
Começou o filme e, logo ali, no arranque, música fantástica, com os primeiros créditos a passar no ecrã em letras típicas de westerns… fenomenal!
Abaixo, alguns excertos de uma entrevista de Quentin Tarantino, ao SAPO Cinema.
O nome de Django
«O protagonista chama-se Django, em primeiro lugar, porque é um nome muito «cool». Para mim, é o mais icónico de todos os nomes ligados ao «western-spaghetti»
Uma rodagem menos divertida que o habitual
«As minhas rodagens são sempre muito divertidas, porque eu acredito mesmo que a filmagem tem de ser um momento de prazer. É um privilégio podermos fazer o que fazemos. As minhas equipas são a minha família e fazer estes filmes é a minha oportunidade de viver a vida ao máximo. O tema da escravatura, no entanto, era mais difícil que aquilo em que tinha trabalhado antes. Tínhamos um elenco e uma equipa maioritariamente negra e toda a gente teve de lidar com o tema da escravatura, ainda por cima ao filmar no Sul dos EUA, onde tudo se passou. Aquilo trouxe muita coisa ao de cima mas fez com que ficássemos todos muito mais próximos. Foi uma experiência mais comovente que o habitual».
Um «western» com coisas para dizer e pessoas para matar
«Há muito mais cenas de espaços abertos em «Django Libertado» que em qualquer outro dos meus filmes. Mesmo assim, eu ainda tenho as minhas peças de câmara, as minhas cenas de jantar à Max Ophüls. Mas sinto que os planos bonitos são uma armadilha em que os «westerns» caíram a partir de finais dos anos 70 e de que nunca mais se livraram. Na maioria dos casos, os «westerns» recentes ficaram presos a visuais bonitos e poéticos, com filmagens de cordilheiras de montanhas e de lindos pores-do-sol. Não estou a dizer que também não filmei as duas coisas, mas tem-se ficado demasiado apanhado por esse lado visual da história e depois o filme torna-se pastoral. É por isso que muita gente que cresceu nas últimas gerações acha que os «westerns» são aborrecidos, porque todos os «westerns» que viram desde os anos 80 tendem a ser de facto um pouco aborrecidos. O «Django Libertado» não é um filme sobre as montanhas ou as nuvens a passar, temos coisas para dizer e pessoas para matar. Isto é mais um «western» de lama e sangue».
Escravatura e humor
«Bom, eu falo sempre muito a sério nos meus filmes, nomeadamente neste, mas não completamente a sério. Para mim, parte do problema quando o tema da escravatura foi abordado no cinema é o de ter tido sempre um intenso contexto histórico a enquadrá-lo, parece sempre uma aula de História ou então uma coisa muito sentimental, como se fosse um tele-filme. Eu queria tratar este tema dentro das convenções do cinema de género, tratá-lo tal como ele era, de forma directa mas deixando-o ser tão violento e tão brutal como foi na realidade. O que se encaixa nos «western-spaghetti», que são tradicionalmente violentos e brutais. O objectivo era fazer isso e ainda conseguir contar uma história excitante e manter intacto o meu humor».
Em questões de humor, posso mesmo dizer que deu para rir (com coisas sérias) várias vezes durante o filme. Acho que é brilhante conseguir-se fazer tal coisa, com um tema muito sério…
Rodar com Leonardo DiCaprio
«Ele tem tido interpretações absolutamente ferozes nos últimos anos.(…)»
Em termos de DiCaprio, o próprio Tarantino diz tudo…
A todos aqueles que gostam de filmes deste tipo, não pensem duas vezes… e aproveitem, enquanto está nos cinemas… até porque, um filme deste género é pecado ver apenas em casa.
No final, o primeiro pensamento que tive foi: Obrigado, Quentin Tarantino. E, sim, tenho que ver mais filmes deste senhor… porque este… sim, foi o primeiro que vi.
PS:
Para aqueles que têm o costume de FUGIR da sala de cinema logo após a última cena, pensem duas vezes… pois há uma surpresa após o final da passagem dos créditos do filme.
Fontes:
Behind the scenes
Entrevista a Quentin Tarantino
Entrevista a Jamie Foxx (o Django)
Entrevista a Christoph Waltz (Dr. King Schulz)
IMDB (Django)
Ritinha says
Não sou grande fã do Quentin Tarantino. Fujo a 7 pés dos filmes dele.